Juazeiro do Norte celebra, em 22 de julho, 113 anos de emancipação política. Anteriormente vilarejo de Crato, município vizinho, o então povoado de Tabuleiro Grande viu sua história mudar depois da chegada do Padre Cícero, em meados de 1872. Após o famoso Milagre da Hóstia, que o religioso protagonizou junto à Beata Maria de Araújo, no ano de 1889, o local cresceu vertiginosamente, tendo a oração e o trabalho como alguns de seus pilares.
O nome “Juazeiro” tem origem tupi-portuguesa, “juá ou iu-à”, homenageia árvores de mesmo nom, existentes próximo a, nos dias de hoje, Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores. Segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Juazeiro é o terceiro município mais populoso do Ceará, com 286.120 habitantes. Considerada um polo de educação, a cidade também se destaca em segmentos como indústria, serviços, comércio e turismo – a cada ano, cerca de 2,5 milhões de pessoas a visitam, graças, principalmente, à figura do Padre Cícero.
Como aponta o memorialista Renato Casimiro, o lema de São Bento, Ora et labora, Deus adestsine mora – “Reza e trabalha, Deus se apresenta sem demora”, já estava na essência desde os primeiros momentos. Ele destaca, ainda, a receptividade à diversidade da etnia nordestina, que se organizou de famílias a oficinas de trabalho; e o encadeamento de argumentos, que conciliou a força produtiva na integração do que se realizava pelo artesanato, não só artístico, mas também utilitário, com o que aos poucos se foi juntando de técnica e modernidade que possibilitou a chegada ao desenvolvimento.
Tais fatos, segundo o estudioso, contribuíram para a antecipação em serviços públicos, urbanismo, saúde e educação, eletricidade, aeroporto, empreendedorismo, emprego e renda. Ao analisar a trajetória da cidade, o pesquisador aponta que fica claro que as transformações de Juazeiro seguem, de certo modo, o legado histórico dos pressupostos do Padre Cícero. “Evidentemente, os tempos, a modernidade agregaram novos caminhos”, destaca Renato, ao citar, como exemplo, o atual polo calçadista, que outrora se fazia exclusivamente com couro animal; o polo de ensino superior, precedido por escolas particulares e a escola ruralista; além de ourivesarias, literatura de cordel e outras atividades.
“Portanto, entre a fundação e a atualidade, vive-se um crescimento que se assenta nesta base customizada ao correr de tecnologias e o que o mercado demanda, uma vez que no entorno de Juazeiro, como local desta centralidade do interior nordestino, a simbiose importantíssima que se verifica a cada manhã, em milhares de veículos que nos trazem, nordestinos de todas as zonas, que demandam seu mercado, seus serviços, seus produtos, seus profissionais. São estas atividades que nos garantem o crescimento continuado desta cidade, em busca do histórico tradicional, mas também ao encontro da derradeira novidade”, conclui Casimiro.