A área de 46 hectares da encosta da Chapada do Araripe, no Crato, devastada por incêndio criminoso no início de outubro, começou a receber sementes para germinar com as primeiras chuvas que caem no município este mês.
Alunos de Educação Ambiental, de Agroecologia e servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE), campus Crato, lançaram com baladeiras (estilingues), do topo da Chapada, 500 bombas de sementes de espécies da vegetação nativa, no final de novembro.
A ação foi coordenada pela professora Brisa Cabral e acompanhada por integrantes da brigada contra incêndio florestal do Instituto Chico Mendes (ICMBio), que orientaram a turma a chegar no local onde o fogo foi debelado.
Brigadas anti-incêndio do ICMBio, Prefeitura do Crato, Corpo de Bombeiros e voluntários – 42 homens – abriram linhas de contenção com 1 m a 1,5 m no topo da chapada, com foices e sopradores para tirar folhas e gravetos secos do chão. A trilha impediu o fogo de atingir o platô e se alastrar pela parte plana da Floresta Nacional do Araripe (Flora), a primeira criada no país, em 1946.
Para os estudantes, a semeadura contou como atividade de campo – como combater incêndio e as medidas para reflorestar áreas devastadas. O secretário do Meio Ambiente do Crato, George Borges, informou que o reflorestamento da área atingida pelo incêndio será feito por regeneração natural com o brotar das raízes, pelo plantio de mudas e lançamento de bombas de sementes. A área desmatada pelo fogo, segundo ele, foi percorrida pelo Corpo de Bombeiros após debeladas as chamas.
O projeto, com a identificação das espécies para plantio de mudas e sementes, segundo George Borges, será executado pela Secretaria de Meio Ambiente em colaboração com o ICMBio. O secretário de Meio Ambiente participou de debate no Instituto Cultural do Cariri no dia 26/11 sobre as queimadas na Chapada, coordenado por Gualberto Santos (IFCE), com Vicente Moreira (ICMBio), Sócrates Honório (Bombeiros) e Weber Girão (biólogo, Projeto Aquasis).
Com relação ao incêndio de outubro no Crato, Vicente Moreira observa: “todo indício é que foi criminoso. Não tinha broca nem foi tirada abelha”. O técnico do Ibama assinala que a região do Crato é mais crítica, de Romualdo até as Guaribas. “Todos incêndios são pela ação humana. Temos de ter estratégias”, recomenda.