O ex-presidente Bolsonaro (PL) chegou à capital cearense na manhã desta sexta-feira, 29. Depois de um almoço no restaurante Vasto (da rede Coco Bambu), com o deputado federal André Fernandes (PL), dirigiu-se ao comitê do parlamentar.
O lugar, localizado na Avenida Barão de Studart, 2740, onde foi recepcionado por apoiadores, teve seu quarteirão isolado para que os manifestantes conseguissem se locomover “tranquilamente” o capitão.
“Tranquilamente”, uma vez que todos foram para o mesmo lugar: a porta do comitê. Foi preciso que o cerimonialista repetisse a cada dois minutos sobre o risco de quebrarem a porta de vidro. Já que havia espaço na calçada, na rua e nas casas ao lado, mas todos, inclusive algumas mães com crianças no colo, foram para a entrada receber o ex-presidente.
De repente, a confusão começou. Crianças chorando e mães, algumas sozinhas, se retirando para o fundo. Pessoas se aproveitando do espaço que ficou sem ninguém por poucos segundos e muita discussão na disputa pelo melhor lugar. “Eu estou aqui desde meio-dia e esse desgraçado vem parar aqui na minha frente? Só pode ser petista infiltrado, só pode ser ladrão”. “Saí, ladrão, saí daí, infiltrado” era ecoado por várias senhoras enquanto balançavam a bandeira do Brasil.
Lá no fundo, a energia era outra. Picolé, pipoca, milho e cerveja para acalmar a ansiedade. Com a câmera em uma mão e o tira-gosto ou bebida na outra para diminuir o castigo do sol, os dois grupos se uniram apenas quando o “inimigo” surgiu. Um ônibus passou e alguns corajosos fizeram o “L” da janela. O automóvel ficou parado no sinal vermelho e os bolsonaristas uniram o coro e gritaram até não conseguirem mais: “Lula ladrão, seu lugar é na prisão” e outros xingamentos ainda piores. Como o ônibus permaneceu estático por alguns segundos, trocas de ofensas e uma fúria despertada pelo lado verde e amarelo foi notada.
“Não tem jornalista para documentar essa provocação?”, foi dito por apoiadores. “Não, porque jornalista que presta não está aqui”, foi respondido. “Jornalista em Fortaleza é tudo vagabundo, pilantra, mentiroso” outro se manifestou. “O mito vindo e esses vagabundos não estão aqui para documentar” também provocou.
Falando em quem compareceu, o secretário de Saúde de Maracanaú, Capitão Wagner (UB), não foi visto, assim como Raimundo Gomes de Matos e seu filho, Pedro Gomes de Matos, bolsonaristas, pelo menos em 2022. Além deles, Acilon Gonçalves, presidente do PL, não compareceu seja na entrada ou na multidão. O deputado Sargento Reginauro, por outro lado, apareceu no meio do povo em direção à entrada, cumprimentando e abraçando a todos. Até tirou um tempo para fotos.