A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) realiza no sábado (22.03), a partir das 17h, no Centro Cultural Daniel Walker, em Juazeiro do Norte, o lançamento do livro O pão e o sonho: vida e obra do escultor Armando Lacerda, obra de autoria do professor e escritor Carlos Newton que lança luz sobre o legado de um dos mais importantes escultores modernistas do Brasil, autor de obras referenciais, como a estátua de Padre Cícero.
O evento de lançamento contará com um bate-papo reunindo o autor Carlos Newton Júnior, o arquiteto e escultor Alexandre Azedo Lacerda (filho de Armando Lacerda) e Jaqueline Sampaio, filha do ex-prefeito Mauro Sampaio, que idealizou a construção da estátua em homenagem a Padre Cícero. O lançamento do livro é aberto ao público e contará ainda com uma mostra de fotos de obras de Armando Lacerda.
Frente à qualidade das obras deixadas pelo escultor e o que há escrito sobre ele, Carlos Newton classifica Armando Lacerda (1924-1980) como um artista injustiçado historicamente. “Armando foi um dos pioneiros da escultura moderna em Pernambuco, ao lado de Abelardo da Hora (1924-1914) e Corbiniano Lins (1924-2018), os três nascidos no mesmo ano de 1924”, pontua. No entanto, segundo o autor, a obra de Armando é comparativamente menos extensa do que as dos seus contemporâneos. “Não só porque ele não foi artista em tempo integral, mas também porque o destino não lhe concedeu a longevidade dos outros dois, falecidos na casa dos 90 anos”, completou.
O autor, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), dedicou cerca de dois anos à pesquisa e à escrita de O pão e o sonho. O resultado é um título de 180 páginas, nove capítulos, uma síntese cronológica da vida e obra de Armando, um depoimento dele ao pintor José Cláudio (1932-2023) em 1978 e uma galeria de fotos. Ao pesquisar, Carlos Newton constatou a escassez de informações sobre Armando Lacerda. Os dados existentes, segundo ele, “resumem-se, praticamente, àquilo que ficou registrado nos jornais, bem como na memória dos seus filhos, sobretudo a do primogênito”.
Armando teve seis filhos, sendo Alexandre Azêdo Lacerda o mais velho e responsável pela guarda do acervo documental do pai. Para preencher as lacunas históricas, o autor recorreu a este acervo, a jornais e revistas da coleção digital da Biblioteca Nacional; aos arquivos da Escola de Belas Artes de Pernambuco, que pertencem à UFPE; e ainda à sua biblioteca particular.
O livro revela que a paixão de Armando pela escultura vem da infância e ganhou contornos profissionais com sua entrada, aos 16 anos, na Escola de Belas Artes. No entanto, ele abandonou o curso antes do término, no terceiro ano. “O ambiente artístico da Escola de Belas Artes, passada a euforia inicial, já não lhe entusiasmava tanto”, argumenta o autor.
Armando deixou a escola, mas continuou dedicado ao ofício. Apesar disso, nunca conseguiu sobreviver da arte. Os anos de 1950, conforme Carlos Newton, foram os que Armando mais se esforçou para tentar viver do seu trabalho artístico. Ele participou de vários salões de arte do Museu do Estado, tornando-se um dos escultores mais premiados
do seu tempo e com o nome bastante citado e elogiado nos jornais recifenses. Entre as peças vencedoras estão o Pescador (1950), Busto e Cabeça de vaqueiro (1952) e Cabeça (1951). Em 1954, ganhou o primeiro lugar com o Cangaceiro, acervo da UFPE e exposta no Centro de Artes e Comunicação (CAC).
Com ganhos insuficientes na arte para manter a família, o escultor exerceu outra atividade. Já em 1954, era representante comercial da fábrica de bebidas Cinzano, função que o levou a percorrer outros estados. Nas andanças, em 1967, surgiu o convite para erguer aquela que seria sua maior obra, a estátua do padre Cícero Romão Batista (1844-1934), inaugurada em 1969, em Juazeiro do Norte (CE). Quando pronta, a escultura era a segunda mais alta do Brasil, com 25 metros de altura, sendo 17 da estátua e 8 do pedestal. Ficava atrás somente do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, de 38 metros.
Serviço:
Lançamento do livro O pão e o sonho: vida e obra do escultor Armando Lacerda, de Carlos Newton Júnior
Quando: 22 de março, sábado
Hora: 17 h
Entrada franca
Preço do livro: R$ 50,00 (impresso)
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