O abandono de animais, principalmente de cães e gatos, vem se tornando constante nas imediações do Centro de Controle de Zoonoses de Juazeiro do Norte.
Em alguns casos, as pessoas chegam a lançar os animais por cima do muro, causando ferimentos graves, como fraturas em patas ou mandíbulas. A situação, além de ser um crime previsto por lei, sobrecarrega os serviços do local, que não tem função de abrigo.
O coordenador de bem-estar animal de Juazeiro do Norte, Wellington Pereira, destacou que a situação se agrava ainda mais nos finais de semana e feriados, quando o local está fechado e não há equipes de plantão. Wellington destaca que, mesmo com o diálogo e os esforços de conscientização, os casos continuam a acontecer com frequência.
“Quando o centro está aberto, conseguimos conversar, orientar. Mas nos finais de semana, as pessoas sabem que não tem ninguém e largam os animais mesmo assim. Muitos nem sequer têm coragem de entregar pessoalmente, simplesmente os jogam.
”Segundo ele, os animais abandonados no local ficam expostos a contaminações e muitos acabam não resistindo, principalmente filhotes que têm o sistema imunológico mais frágil.
Abandono de animais é crime
O abandono de animais configura crime de maus-tratos, conforme a Lei Federal nº 14.064/2020 (Lei Sansão), com pena que pode variar de 2 a 5 anos de reclusão, além de multa e proibição da guarda de novos animais.“As pessoas ainda acham que o Centro de Zoonoses é um canil público, um abrigo.
Mas, na verdade, a função dele é outra. É um órgão de vigilância em saúde, que atua no combate e controle de doenças como a raiva, leishmaniose (calazar) e sarna. Ou seja, o foco é proteger a saúde pública”, explicou o coordenador.
Medidas que estão sendo tomadas
Para tentar conter essa realidade, o Centro de Zoonoses de Juazeiro do Norte vem criando campanhas educativas, panfletagens e uso de carros de som nos bairros orientando a população. Além disso, programas de castração foram criados para reduzir a reprodução descontrolada de animais em situação de rua.
“A gente faz nossa parte, mas sem o apoio da população, é como enxugar gelo. Muitas vezes, os animais são de casa, mas os tutores os deixam soltos, eles cruzam com fêmeas abandonadas e logo surgem novas crias nas ruas. Todos os animais têm origem, ninguém nasce ‘da rua’”, reforça o coordenador.
Expectativa pela Upa Animal
A cidade também aguarda a abertura da Upa Animal, uma unidade de atendimento veterinário que visa ampliar a capacidade de cuidados aos animais. No entanto, entraves burocráticos têm atrasado sua implementação. “Já tentamos lançar o processo licitatório três vezes, mas enfrentamos impugnações do Tribunal de Contas do Estado. Nosso procurador vai pessoalmente a Fortaleza tentar resolver essa pendência, porque a Upa Animal é um sonho de toda a comunidade protetora”, afirma Wellington.